Segundo dados de uma pesquisa realizada nos Estados Unidos e no Brasil com jovens cristãos que entram para a faculdade, 58% se afastam da fé cristã durante o curso, por diversas circunstâncias, e entre os motivos, estão a falta de tempo e a fartura de convites para festas e baladas.
O MEC divulgou recentemente dados do ensino superior no Brasil. Em 2001, a quantidade de universitários no país era de 3 milhões, e uma década depois, esse número mais que dobrou, passando a 6,3 milhões de estudantes matriculados em universidades públicas e privadas.
Preocupados com o afastamento dos jovens cristãos ao ingressarem na faculdade, e cientes de que com o crescimento do número de jovens que ingressam em instituições de ensino superior esse afastamento tende a ser mais dramático ainda, a Igreja Assembleia de Deus em Imperatriz, no Maranhão, produziu um filme que retrata a história de uma jovem evangélica que se matricula em uma faculdade e se afasta dos ensinamentos cristãos ao longo dos anos.
A ideia surgiu após o jovem Luaran Lins observar os dados da pesquisa e procurar o Pastor da AD em Imperatriz, Raul Cavalcante. O filme “Renúncia: suas escolhas definem seu futuro” praticamente reproduz o que a pesquisa constatou: conta a trajetória de uma jovem que ao entrar para a faculdade, passa a frequentar festas e bares, e se afasta da fé.
O lançamento do filme, que segundo informações do Inforgospel é o primeiro produzido pela Assembleia de Deus, ocorrerá no dia 23/11, no auditório do Palácio do Comércio, em Imperatriz do Maranhão. O filme será distribuído pela Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD), junto com um livro que contém a história do filme e um CD com a trilha sonora. “O objetivo é que o filme percorra todo o país como instrumento de evangelização, principalmente, nas escolas e faculdades”, afirma Luaran.
Kit Gay para alunos conterá um DVD com uma história aonde um menino vai ao banheiro e quando entra um colega, se diz apaixonado pelo mesmo e assume sua homossexualidade
Ele ainda nem foi lançado oficialmente. Mas um conjunto de material didático destinado a combater a homofobia nas escolas públicas promete longa polêmica. Um convênio firmado entre o Ministério da Educação (MEC), com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), e a ONG Comunicação em Sexualidade (Ecos) produziu kit de material educativo composto de vídeos, boletins e cartilhas com abordagem do universo de adolescentes homossexuais que será distribuída para 6 mil escolas da rede pública em todo o país do programa Mais Educação.
Parte do que se pretende apresentar nas escolas foi exibida ontem em audiência na Comissão de Legislação Participativa, na Câmara. No vídeo intitulado Encontrando Bianca, um adolescente de aproximadamente 15 anos se apresenta como José Ricardo, nome dado pelo pai, que era fã de futebol. O garoto do filme, no entanto, aparece caracterizado como uma menina, como um exemplo de um travesti jovem. Em seu relato, o garoto conta que gosta de ser chamado de Bianca, pois é nome de sua atriz preferida e reclama que os professores insistem em chamá-lo de José Ricardo na hora da chamada.
O jovem travesti do filme aponta um dilema no momento de escolher o banheiro feminino em vez do masculino e simula flerte com um colega do sexo masculino ao dizer que superou o bullying causado pelo comportamento homofóbico na escola. Na versão feminina da peça audiovisual, o material educativo anti-homofobia mostra duas meninas namorando. O secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC, André Lázaro, afirma que o ministério teve dificuldades para decidir sobre manter ou tirar o beijo gay do filme. “Nós ficamos três meses discutindo um beijo lésbico na boca, até onde entrava a língua. Acabamos cortando o beijo”, afirmou o secretário durante a audiência.
O material produzido ainda não foi replicado pelo MEC. A licitação para produzir kit para as 6 mil escolas pode ocorrer ainda este ano, mas a previsão de as peças serem distribuídas em 2010 foi interrompida pelo calor do debate presidencial. A proposta, considerada inovadora, de levar às escolas públicas um recorte do universo homossexual jovem para iniciar dentro da rede de ensino debate sobre a homofobia esbarrou no discurso conservador dos dois principais candidatos à Presidência.
O secretário do MEC reconheceu a dificuldade de convencer as escolas a discutirem o tema e afirmou que o material é apenas complementar. “A gente já conseguiu impedir a discriminação em material didático, não conseguimos ainda que o material tivesse informações sobre o assunto. Tem um grau de tensão. Seria ilusório dizer que o MEC vai aceitar tudo. Não adianta produzir um material que é avançado para nós e a escola guardar.”
Apesar de a abordagem sobre o adolescente homossexual estar longe de ser consenso, o combate à homofobia é uma bandeira que o ministério e as secretarias estaduais de educação tentam encampar. Pesquisa realizada pelas ONGs Reprolatina e Pathfinder percorreram escolas de 11 capitais brasileiras para identificar o comportamento de alunos, professores e gestores em relação a jovens homossexuais. Escolas de Manaus, de Porto Velho, de Goiânia, de Cuiabá, do Rio, de São Paulo, de Natal, de Curitiba, de Porto Alegre, de Belo Horizonte e de Recife receberam os pesquisadores que fizeram 1.406 entrevistas.
O estudo mostrou quadro de tristeza, depressão, baixo rendimento escolar, evasão e suicídio entre os alunos gays, da 6ª à 9ª séries, vítimas de preconceito. “A pesquisa indica que, em diferente níveis, a homofobia é uma realidade entendida como normal. A menina negra é apontada como a representação mais vulnerável, mas nenhuma menina negra apanha do pai porque é pobre e negra”, compara Carlos Laudari, diretor da Pathfinder do Brasil.